Já dizia o Chacrinha “quem não se comunica, se trumbica”, mas como fazer isso no mundo jurídico sem render-se às frases que vão do nada ao lugar nenhum ou, pior, aos brocados latinos que nem o Papa deve saber traduzi-los? JurisHand encarna o Prof. Pasquale e traz algumas dicas para alavancar seus textos.
Não importa qual seja seu foco, carreira pública ou privada, o bom operador do Direito deve, obrigatoriamente, ser um bom dominador do português e da arte da escrita. Mesmo aqueles que falam mais do escrevem, que amam as tribunas e as audiências apimentadas, precisam saber organizar bem suas ideias e argumentos, ou seja, acabam rendendo-se a um rascunhozinho de apresentação.
Independentemente do formato usado na organização e apresentação do seu trabalho, algumas dicas são essenciais a qualquer texto jurídico. Vamos lá?
- Abandone o juridiquês:
O juridiquês formalzão, aquele cheio dos brocados jurídicos e das construções de frases que começam pelo fim e dão a impressão de estarmos conversando com o Mestre Yoda não fazem mais sentido.
Parágrafos concisos, bem construídos e com uso de palavras simples e cotidianas (diretas, mas sem serem vulgares) tem ganhado espaço não só entre estudantes e advogados, mas também entre juízes, promotores e bancas examinadoras.
Lembre-se: é preciso que a ideia defendida chegue de forma clara e precisa ao seu destinatário! Se o juiz ou examinador ficar em dúvida sobre algum parágrafo em rococó, o conteúdo desenvolvido, ainda que brilhante na intenção, pode se perder.
- Atenção os “recorte-cole” de jurisprudência e doutrina:
A transcrição de trechos de livros e de decisões judiciais, ainda que fundamental para dar suporte a uma tese ou argumentação defendida, deve ser usada com moderação.
Aquele que lê seu texto, qualquer que seja o seu formato (até mesmo virtual), quer saber a sua opinião sobre aquele determinado pensamento e não encontrar uma coletânea de trechos que não se relacionam de forma direta com a ideia defendida e apenas deixam a leitura mais “pesada” e pouco objetiva.
- Mantenha sempre um dicionário por perto e pesquise as palavras que lhe parecerem estranhas ou novas
Não raro ficamos preocupados tentando evitar a repetição de palavras ou de ideias e acabamos usando “falsos sinônimos”, ou seja, empregamos palavras que pensamos servirem para aquele momento, mas tem um significado totalmente diferente.
Quer um exemplo? Na frase, “o autor pede uma extraordinária indenização, uma vultuosa quantia”, a pretendida ênfase no descabimento da quantia saiu pela culatra: vultuosa quer dizer inchado, empolado, débil… Logo, não tem nada a ver com a intenção pretendia, para a qual a palavra vultosa serviria bem melhor.
Nessas horas de aperto, não se aflija! O dicionário, físico ou virtual, sempre salva” e não precisamos ter vergonha de usar.
- Estude regras de pontuação
Ponto, vírgula, ponto e vírgula, travessão e outros mil recursos de pontuação são essenciais na construção de uma narrativa coesa e coerente. Separar ideias e dar um tempo para o interlocutor se recuperar entre um conceito e outro são cuidados essenciais na produção de um texto e na sua compreensão.
- Leia muito!
Dica maior e mais velha de todas (mas que nunca, nunca, falha!): leia… Muito… E sempre!
Leia livros jurídicos e de literatura tradicional, leia jornais e revistas, leia bula de remédios e lista de mercado! Leia de tudo!
Ler amplia nosso vocabulário, nos apresenta novas forma de pensar e nos ajuda a compreender, na prática, como se escreve um bom texto!
Bons estudos!